terça-feira, 28 de julho de 2009

Um fenômeno chamado populismo.

Zelaya não te parece familiar?
Presidente deposto por um golpe militar é acusado de tentar alterar a constituição do seu país para poder se reeleger.

Aclamado por grande parte da população do seu país, Manuel Zelaya foi deposto por um golpe militar. O novo governo, no entanto, o acusa de tentar aprovar uma constituinte que lhe daria poderes para se reeleger. As manifestações hondurenhas ao seu favor apenas comprovam o poder que Zelaya teria de se reeleger caso conseguisse aprovar uma nova constituição.

Embora a situação pareça novidade, isso já aconteceu outras vezes inclusive no Brasil. Apenas mudaram alguns detalhes do enredo.

Pense num gordinho, com ares de general, fanático por poder e por um Estado forte, centralizado e extremamente nacionalista. Ele chegou ao poder em 1930, deu um golpe em 1937 e estendeu seu mandato até 1945 quando deixou o poder por pressões externas. Logo depois reassumiu por vias democráticas (que comprovou sua popularidade) em 1951 e passa a ser pressionado pela oposição, mas se suicida causando grande comoção popular e adiando a subida da oposição ao poder. Em 1964 o Brasil é vítima de um golpe militar.

Não sabemos muito bem a história de Zelaya, mas ele é aclamado popularmente, tentou estender-se no poder, sofreu um golpe e hoje inflama uma manifestação popular que tem atrapalhado a oposição. Parecido, não? E tem nome: Populismo. No Brasil isso é comum. Até pouco tempo atrás cogitava-se mudar a constituição para o terceiro mandato de um político com recorde de aprovação popular. Aliás, é comum na América Latina em si. Tem um outro presidente, com nome de comediante mexicano, que se renova no poder há 11 anos.

Nós, latino americanos como um todo, temos uma mentalidade política típica de garotas de 15 anos. Acreditamos num salvador que chegará montado num cavalo salvando esta região tão rica e ao mesmo tempo tão pobre. Que vai distribuir renda e que vai deixar, de repente, de atender às vontades de uma minoria que o permite brincar de cavaleiro. A política é muito mais complicada que um jogo entre mocinhos e bandidos. Zelaya deve ter seus interesses que dificilmente são puros assim como os militares que tomaram o poder.

A História já mostrou que poucas vezes, ou nunca, políticos estão preocupados em apenas fazer o bem custe o que custar. Por isso existe algo chamado democracia e cabe ao eleitor ser sensato o suficiente para saber que regras são claras e não devem ser transgredidas e que se cochilar o cachimbo cai. Acontece que, com uma experiência histórica de uma sociedade conservadora e patriarcal, a população latino americana raramente dá o devido valor à democracia e pouco sabe do seu dever como cidadão (e não como súdito).





Um comentário:

"Posso não concordar com uma palavra sua, mas lutarei até à morte para que tenha o direito de dizê-las" - Voltaire.