domingo, 2 de agosto de 2009

Mal estar latino

Bases americanas deixam América Latina em alerta
O país pretende ampliar sua presença militar em três bases militares da Colômbia. A estratégia, ainda em discussão, já causa alvoroço em países da América Latina e já se inicia uma busca por aliados.
Estabelecida em acordo entre os EUA e a Colômbia, a ampliação da presença militar americana na região é apresentada como uma nova etapa do Plano Colômbia. Será permitido o uso das bases de Malambo, Palanquero e Apiay durante os próximos dez anos com um investimento previsto de 5 bilhões de dólares e 1400 pessoas, militares e civis, deslocados para a região. O acordo surge após o fechamento da base norte americana em Manta, Equador.
Os demais países latino americanos não gostaram da decisão e muitos já iniciam alianças para fazer frente à decisão. Dentre elas está um acordo de ação conjunta entre Brasil e Espanha, acreditando que ampliação da presença militar americana levará a lógica da militarização para a região e uma corrida armamentista entre Rússia (na Venezuela) e EUA (na Colômbia).

A aliança Russo-Venezuelana, de acordo com Caracas, é uma defesa contra o perigo que o acordo representa. A decisão americana indicaria uma mudança na postura do governo de Obama e pode estar relacionada à recente aproximação entre Chávez e Ahmadinejad. Em nota, a Chancelaria venezuelana (órgão responsável pelas relações exteriores do país) declarou que "A Colômbia, ocupada militarmente e dirigida por uma elite belicista é um perigo latente para toda a região." O presidente Luís Inácio Lula da Silva também se manifestou insatisfeito com a situação. Juntamente com outros países latino americanos, ambos o líderes defendem que a questão seja discutida em órgãos multilaterais como UNASUL ou OEA. No entanto o Equador já afirmou que não participará da próxima reunião de cúpula da UNASUL.

Na prática, o acordo entre os dois países alimenta o discurso da oposição à Álvaro Uribe. Além disso, gera desconfianças quanto a verdadeira posição do governo Obama que durante sua campanha eleitoral acenava com uma política menos agressiva e mais diplomática. Como revela recente reportagem da revista New Statesman, Obama tem falhado em suas promessas. O artigo mostra que mesmo depois da posse do presidente, o número de bases militares norte americanas pelo mundo continuaram a se expandir. A revista afirma que "Oficialmente, mais de 190.000 soldados e 115.000 trabalhadores civis estão reunidos em cerca de 900 instalações militares em 46 países e territórios". O valor é maior quando são analisados dados não-oficiais. O medo latino americano não é infundado e sem necessidade. Lula deixou claro seu temor com os EUA desde a ameaça de reativação da quarta frota que, de acordo com o presidente, "é quase em cima do nosso pré-sal". Seria coincidência?

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