quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Feliciano e a caixa de pandora do PT

O Feliciano está deixando a CDHM, mas não vejo nada pra comemorar. Ele sabia que não tinha nada de relevante para fazer ali, ele sabe que ele não representa nenhuma minoria. Seu plano era claro e objetivo: afrontar os LGBT's. Homofobia? Acho que mais (e pior) do que isso: oportunismo político. Sabendo que a militância LGBT e dos Direitos Humanos como um todo não se calaria diante de afrontas reais aos Direitos Humanos naquela comissão, sabendo do quão polêmicas são estas questões e quão ela toca diretamente uma horda de fanáticos religiosos angariados em cada cantão deste país em igrejas protestantes de todas as marcas, Feliciano apostou alto cutucando os LGBTs com reiteradas medidas que RETIRAVAM conquistas, muitas delas praticamente consolidadas.

Tudo muito calculado, já que o eleitor que ele mira (o crescente número de protestantes fundamentalistas recrutados pelas igrejas evangélicas que se aproveitam da desgraça e miséria que massacra milhares de pessoas ainda hoje) abraça isso como imagem de um homem forte, resistente, que aguentou a perseguição e enfrentou os “pagãos” com a dignidade de um homem ungido por Deus para levar seu proselitismo e salvar o Brasil de toda essa falta de fé, moralidade e outros valores que só fazem sentido em uma teocracia protestante.

Claro que para ele já está ótimo um ano na CDHM da Câmara! Quem era Feliciano ontem, quem ele é hoje (adorado por fanáticos e ainda com o apoio de homofóbicos e conservadores que não são poucos!)? Hoje ele tem uma sólida base de “fãs” (porque não é possível chamar de eleitorado quem vota com paixão personalista seja ela de qual tipo for). Feliciano sai mais forte do que entrou ao ponto de poder fazer piada e dar lição de moral no próprio PT, que subestimou a comissão. Ao ponto de dizer esperar que o PT “dê mais valor à comissão que abandonou”.

Poderia ser só uma provocação, se ele não saísse da CDHM com planos de se candidatar ao Senado. Mas segundo ele, isso será feito se, e somente se, for para enfrentar o atual senador paulista Eduardo Suplicy, um dos mais respeitados e coerentes que temos hoje em Brasília e no próprio PT, um dos poucos que mantém um sólido posicionamento em favor das minorias e apoio em um Estado onde o PT ainda apanha feio. Pois é, o que parecia um tiro no pé do setor LGBT pode ser uma bomba. Parabéns aos envolvidos.

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"Posso não concordar com uma palavra sua, mas lutarei até à morte para que tenha o direito de dizê-las" - Voltaire.