segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Brincando de gente grande

Brasil assume postura de líder, mas esquece suas condições internas
Nos últimos anos, o país tem intensificado ações em outros países e ganhado reconhecimento internacional. Questões como a crise emHonduras, Pré-Sal, Etanol, Copa 2014 e Olimpíadas 2016 têm chamado atenção.

Para o presidente Luís Inácio Lula da Silva, o "complexo de vira-latas" alertado por Nelson Rodrigues não é mais um problema. O governo tem intensificado ações no plano internacional e buscado representatividade, ainda que de maneira consultiva, em mesas de negociação importantes como G20, OEA e FMI. A meta é uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU, porém não temos condições para isso.

Aparentemente repentina, a importância geopolítica do Brasil vem em um momento em que a questão ambiental é cada vez mais uma prioridade, sendo nós líderes na tecnologia e desenvolvimento de biocombustíveis. Soma-se a isto a descoberta de novas jazidas de petróleo na costa marítima brasileira e nossa rica biodiversidade.

Embora o foco mundial seja a energia renovável, vale ressaltar que petróleo não serve apenas para criar gasolina e diesel. Plásticos, borrachas, superficies anti-aderentes e diversos outros produtos sintéticos, inclusive tecidos como Nylon e tactel, de presença marcante no nosso dia a dia, são derivados do petróleo.

Reflexo disto, o país ampliou sua influência geopolítica no contexto Sul-americano. Diante do fenômeno do populismo, com vários governos pouco democráticos, que procuram se legitimar através de um discurso anti-imperialista, o Brasil se mostra como uma das poucas nações capazes de dialogar com estes países. Os EUA, tão famoso por suas ingerência na região, hoje sofre com problemas internos e um atoleiro de vidas e dinheiro chamado Afeganistão.

Com uma influência jamais experimentada antes, o Brasil agora se
vislumbra e passa a agir como potência. Depois de "exigir" explicações de Obama sobre as novas bases na Colômbia (o mais polido, até mesmo por educação e não por se tratar dos EUA, seria pedir. Exigir é a última opção), o país já comprou tanques e está para fechar negócio para comprar mais 36 caças franceses. Tudo com a justificativa de proteção aos nossos recursos.

A questão é: O Brasil tem condições de arcar com esta postura? Ser potência exige dinheiro, coisa que, por mais que o Brasil tenha, falta investimentos em serviços básicos que o Governo não fornece ou é ineficiente. Um país onde apenas 25% do esgoto é tratado, com uma educação de péssimos resultados quando comparada com outros países (e até mesmo internamente) entre outros problemas conhecido de longa data têm condições de gastar bilhões para brincar de potência?

Para ser mais realista, eu diria que o Brasil quer brincar de China. Já tem uma área de influência, já está incrementando seu aparato militar e agora já tem, inclusive, sua própria olimpíada para mostrar sua "força". Acontece que na China, o regime é fechado. Os dirigentes do Partido Comunista usam e abusam do recurso público como acharem mais conveniente - no Brasil isso não funciona. Será que vai ser engolido pela população o gasto bilionário com aparência de potência renegando a segundo plano investimentos básicos para nos tornarmos potência de fato? Ou vamos exigir ser potência com tudo que isso traz de benefício? O Brasil está seguindo o caminho errado e mais uma vez enfia os pés pelas mãos. Lembra dos planos mirabolantes da época militar? Só uma dica!

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"Posso não concordar com uma palavra sua, mas lutarei até à morte para que tenha o direito de dizê-las" - Voltaire.