domingo, 16 de janeiro de 2011

Repressão à manifestação contra o aumento da tarifa de ônibus

"Me senti nos velhos tempos de ditadura"

Cena emblemática da manifestação do ano passado resume a ação dos 
policiais
“Me senti nos velhos tempos de ditadura”, dizia uma transeunte que acompanhava a manifestação contra o aumento da passagem de ônibus na capital. O ato, que começou por volta das 18h30 saindo do Teatro municipal e circulou pelas ruas do centro da cidade chamando as pessoas para se unirem à manifestação, foi ridiculamente reprimido pela polícia militar.

Desde as 17h, quando começou a concentração em frente ao Teatro Municipal, a polícia já estava “acompanhando” os estudantes. Em seguida, em grupo, o ato seguiu até a prefeitura e deu a volta até chegar na Avenida Ipiranga. Durante todo o tempo de retorno de trabalhadores para casa, o ato conseguiu acontecer normalmente.

Somente por volta das 20h a polícia agiu de forma repressiva e beirando o premeditado. Esperou que a manifestação estivesse em uma área de fácil dispersão, próximo à Praça da República, e passou a atirar bombas de gás e tiros de borracha. As bombas eram jogadas no meio dos manifestantes e os tiros eram disparados contra jovens que corriam da polícia, não justificando a violência gratuita.

Trabalhadores, que nada tinham a ver com o ato, não conseguiam chegar ao metrô devido à fumaça de gás de pimenta que ocupava ruas inteiras, encurralando os estudantes. Uma garota ficou ferida na perna, completamente ensanguentada após ter sido atingida por um estilhaço de bomba de efeito moral (nesse caso o efeito foi além da moralização).

O pior era a dimensão da manifestação, que conseguiu reunir bem mais do que as 200 pessoas contabilizadas durante a concentração em frente ao Teatro Municipal. Por onde passava, a manifestação ganhava apoio de quem assistia. Não havia violência por parte dos motoristas, nem dos manifestantes ou de quem assitia o ato. A repressão foi gratuita e teve o objetivo claro de dispersar uma manifestação legítima.

Às 21h, ainda havia viaturas realizando uma ronda ostensiva nas ruas do centro. A quantidade de policiais e de recursos empregada na ação era assustador e revelavam uma intenção clara de desbaratar uma organização estudantil. Materiais audiovisuais foram apagados, pessoas foram detidas e um clima de guerra tomou conta do centro sem nenhuma necessidade.

A violência repercutiu na Folha e no Estadão, jornais tradicionais e com a pecha conservadores, que também criticaram a ação repressiva. As pessoas que estavam no centro no momento também ficaram inconformadas com a violência gratuita. A repressão atingiu, no final, o próprio Kassab que cada vez perde mais aprovação popular. Se o seus planos são se eleger novamente em 2012, isso está cada vez mais distante.

Dia 20, na quinta-feira, uma nova manifestação irá acontecer. Temo pela quantidade de pessoas que irão após esse teatro repressivo, mas acho importante a presença massiva tanto de quem foi no último dia 13 quanto de quem não conseguiu ir. A repressão deixou claro duas coisas: 1- A manifestação incomodou; 2- Há apoio.





Próxima manifestação:
Dia 20, quinta feira às 17h na praça do ciclista.

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"Posso não concordar com uma palavra sua, mas lutarei até à morte para que tenha o direito de dizê-las" - Voltaire.