sexta-feira, 6 de junho de 2008

Parada Gay, Conferência Nacional GLBT e Prisão de oficial homossexual do exército.

Enfim me sento para escrever sobre tudo o que se sucedeu na parada e , por ventura do destino, de coisas que aconteceram desde lá até aqui e que provam sua efemeridade.

Tivemos uma Parada gay reproduzida em vários Estados do país com o intuito de que? Eu quero acreditar que tenha sido pela luta por igualdade e liberdade (dois ideais herdados da idade moderna que foram esquecidos quando o assunto é romper com a hipocrisia e conservadorismo). Foi tudo muito bonito, tudo muito ideológico. A promessa de haver menos carros de casas noturnas foi cumprida (embora o carro do demolidor não estivesse na lista de carros oficiais e tenha participado enquanto outros carros que estavam na lista foram impedidos de última hora). Houve panfletos de conscientização durante a feira cultural no feriado de Corpus Christi que mostravam como agir em caso de discriminação e conscientizavam quanto as leis em atual discussão e vigência. Tudo me pareceu como da primeira vez que eu fui, porém, isto não indica que esteja bom. Faltam melhorias, falta a conscientização, falta o ideário gay, a luta pelo mundo que todos os gays desejam ou deveriam desejar e isto é simples de constatar graças a um fato em particular.



No último dia 4/06 tivemos o prisão de um oficial do exército (foto) logo após ele e seu parceiro (também oficial do exército) assumirem a homossexualidade e o relacionamento na revista época e apoarecerem num programa de TV. A prisão ocorreu durante a apresentação do programa de tv (ao vivo) e agora um dos oficiais, o Laci Ribeiro (foto), que utiliza medicação controlado, se encontra num hospital em brasília e espera julgamento. O Exército alega motivo de deserção e o oficial em questão afirma estar sendo vítima de uma armação. O fato é que vivemos num mundo machista e que o exército jamais aceitaria passar tal imagem acreditando na perda de sua autoridade (posição extremamente machista).

Temos um gay sofrendo preconceito pelo próprio estado, correndo o risco de ser preso por ser gay e, se ninguém interferir, pode responder por processos sem provas e sem o direito de se defender (basta lembrar que quem faz a justiça militar são os próprio militares). Agora eu questiono por onde andam os 3 milhões que enchem as ruas em dia de parada gay? Não há música ou bebida para tal retaliação não é mesmo? Não há comemoração para tal brutalidade! Talvez seja por isso que agora, nós, gays, partidários de um mesmo ideal, abandonamos à sorte um irmão! Todos se indignam, mas ninguém se manifesta. É isto que não pode acontecer, fazemos paradas gay que levam milhões às ruas e na hora de nos unirmos não o fazemos... é vergonhoso! Não há o que reclamar do crescente aumento da homofobia se ela acontece em cadeia nacional e ganha apenas o rodapé de jornais (se o ganha) e todos nós sabemos apenas lamentar assim como se lamenta uma perda material. Trata-se da quebra dos direitos humanos, estão mexendo nos meus, nos seus, nos nossos direitos! Em que mundo viveremos nas próximas décadas se em pelo século XXI temos oficiais sendo presos por tentarem defender sua condição de vida. Uma atitude como esta por parte do exército (na foto cercando a emissora da redeTV!) só tem uma explicação, aversão ao homossexualismo, em outras palavras, homofobia, e o nosso silêncio consenso pois quem cala consente.

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Quanto à I Conferência Nacional GLBT espero que não encaremos como mais um "close", mas que fiquemos de olho, até domingo, em todas as decisões tomadas e nas não tomadas, em todas as promessas. Espero que todos nós saibamos deixar de lado o sentimentalismo e saibamos diferenciar propostas viáveis e realmente necessárias de esmolas sem fundamentos (o chamado populismo do governo Lula).
Para tais esperanças, deixarei aqui a primeira falha que observo nesta conferência.
O ministro da Saúde, José Temporão, declarou no primeiro dia da I Conferência Nacional GLBT que irá baixar uma portaria que viabiliza a cirurgia de mudança de sexo no SUS. Pessoas morrem no SUS por falta de atendimento e nós vamos olhar para isso como algo grandioso feito pelo governo? Existem sim casos em que a mudança de sexo é um problema como nos casos de hermafroditismo, que chega a se tornar um martírio para o indivíduo que vive com uma sexualidade dúbia, mas há casos de mera estética. Devemos abrir o olho e vermos bem cada paragrafo destas medidas e termos cuidado para não estarmos sendo comprados. Mais do que nossas vontades, devemos defender o progresso do país através de igualdade e não nos calarmos com mimos do governo até porque, enquanto nso prometem mimos, há um projeto de lei que criminaliza a homofobia parado no senado.
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PS:
Durante a parada gay, eu encontrei com o Ali, o professor espancado na consolação a dois anos atras e que eu citei em um post em que eu rebatia as injúrias e difamações do pastor Silas Malafaia sobre a lei de criminalização da homofobia. Ele estava lá, feliz e belíssimo, porém o trauma que deixaram nas lembranças dele jamais vão se apagar... até quando?

4 comentários:

  1. Para esses dois soldados tenho apenas uma coisa a dizer: lamentável que duas pessoas que se dizem "alvos de preconceitos" falarem que o exército é um paraíso por poderem ver vários homens musculosos e pelados. Se for para se comportarem assim gays realmente não devem entrar nas Forças Armadas.

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  2. Ao mesmo tempo que acho o exercito inutil, discordo com a posição dos oficiais.

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  3. Não falei que eu ia vir aqui com calma, ler e comentar? :)
    Olha, eu sempre tive curiosidade de ir na Parada Gay, pra ver de perto como que "funcionava", e fui o ano passado, e achei mais "sensacionalismo" que outra coisa... Tenho amigos gays e sei que o dia-a-dia, o ideário deles é bem outra coisa, e não aquilo ali. Mesmo a maioria dos homossexuais que estão ali se presam a papéis um tanto quanto "suspeitos", pois achei lá que a sexualidade é bem "esfregada" na sua cara, ainda mais se você é hetero, mas enfim, rs, por isso nem me meto mais em manifestações do tipo, acho que fogem bem do propósito...
    Quanto ao exército, é lamentável, mas já nesse país nós mulheres sofremos preconceitos, com homossexuais não seria diferente, ou até pior, é muita hipocresia, muita coisa "por debaixo dos panos", e a gente vai fingindo que não vê nada... :)
    Tá de parabéns pelo blog, pelo seu estilo de escrever, vc honra sua opção no vestibular! hahahahaha
    Beijos moço! ^^

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  4. Meu, quanto tempo que não passo por aqui e quanta saudade de seus posts no meu blog. Apareça!
    Parada gay, na minha opinião, não muda muita coisa e acredito que aumenta um pouco do preconceito. Alguns gays se expõe demais ao ridículo lá, o que gera idignação nas pessoas. Sobre o exército (caara%#@ véy) eu achei muita falata de respeito e tal. Eles não aceitarem um gay lá até é "aceitável" afinal, hoje em dia, as coisas ainda não são tão favoráveis aos homo, mas prender o cara é uma coisa muuuito sem noção e eu me faço a mesma pergunta: cade a multidão que lotou a avenida em manifestação?

    ah, visita o leroblá e vê se me orkuta, quero notícias!
    adoooooro seu jeito de escrever.
    o lero lero vai fazer um ano *----*
    Beeeeeeijo!
    paz!

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"Posso não concordar com uma palavra sua, mas lutarei até à morte para que tenha o direito de dizê-las" - Voltaire.