quarta-feira, 25 de março de 2009

"Estou trabalhando e ao mesmo tempo me divertindo"

Esta foi a afirmação do presidente do STF, Ministro Gilmar Mendes quando questionado sobre seus trabalho no supremo durante a sabatina da Folha nesta última terça-feira. Pena que nem todo brasileiro e efetivamente trabalhador possa afirmar isto!

Conhecido, e muito criticado, por ter concedido dois habeas corpus ao banqueiro Daniel Dantas alegando que "não havia provas concretas" de sua participação em um esquema de corrupção desmontado pela PF na operação satiagraha e por criticar a luta armada durante a ditadura diante das discussões sobre a lei de anistia e da indenização de vítimas, Gilmar Mendes foi sabatinado em meio a muita polêmica. Inicialmente fugiu de algumas questões como quando foi confrontado com provas e indícios irrefutáveis apresentados por Mônica Bergamo (colunista da Folha de São Paulo) de que Daniel Dantas teria culpa no esquema desvendado pela operação Satiagraha. Fugindo destas questões, chegou a afirmar que haveria "interesse de desmoralizar o STF" não afirmando a quem pertenceria este interesse e mais uma vez fugindo dos questionamentos sobre o assunto.

Outro assunto tratado foi a súmula 11 que trata da proibição do uso de algemas em casos em que não há resistência à prisão. A questão foi enviada por uma estudante de direito da platéia e o ministro esclareceu a questão informando que "foi um dos maiores acertos do STF" e que o uso indiscriminado de algemas leva à anulação da prisão. Agora, acredito que milhares de pobres e miseráveis vítimas de abuso de poder estão legalmente libertos e não sabem disso, pois se houve acerto do STF foi para a camada endinheirada da sociedade que se beneficia de tal lei.

Ainda respondendo a questões da platéia, Gilmar Mendes foi convidado a comentar se candidataria-se à presidência da República futuramente. Diante disto ele titubeou. A Colunista da folha,Eliane Catanhêde, cometou que a maioria das figuras políticas ao serem questionadas sobre o assunto se mostram negativas ao assunto e se sua hesitação não seria uma confirmação. Gilmar Mendes disse que não, mas não descartou hipóteses futuras, não demonstrando resistência à candidatura. Algumas pessoas na platéia também não demonstraram, outras sim.

Entre outras questões, o momento mais "quente" da sabatina foi quando o ministro recebeu uma pergunta sobre o porquê de sua perseguição aos movimentos sociais como o MST fazendo ligação disto com o fato de possuir grandes propriedades em sua terra natal (Diamantina). Diante da situação, o ministro afirmou que se solidariza com os movimentos sociais e contrapôs a posição do componente da platéia alegando que busca melhorar as condições e instalações do sistema penitenciário brasileiro e isso não quer dizer que ele tenha parente em detenção. Afirmou também que este tipo de interpretção é "furada".
Eliane Catanhêde comparou, então, as duas situações: quando Gilmar Mendes corre para soltar Daniel Dantas (banqueiro pertencente à alta burguesia brasileira) e quando corre para prender um membro do MST. Nesta hora o Ministro se exaltou e enumerou medidas tomadas pelo STF que favoreceram a população mais pobre. Após o ocorrido a entrevista seguiu-se de "alfinetadas" do ministro à colunista da folha a cada momento em que ia comentar de medidas do tipo.

Ao final, durante um bloco em que deveria comentar sobre personalidades políticas que estão em pauta nos jornais atualmente, recusou-se a falar sobre o delegado Protógenes que expediu os mandatos de prisão de Daniel Dantas que foram contraditos pelo ministro o que gerou grande alvoroço. Sobre o presidente Lula disse que "é um bom político" e sobre Fernando Henrique disse que "é um estadista" até terminar com a gloriosa frase que dá título a esse post!

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"Posso não concordar com uma palavra sua, mas lutarei até à morte para que tenha o direito de dizê-las" - Voltaire.