domingo, 28 de novembro de 2010

Ataques no Rio

A Guerra, por si só, não resolve
É preciso um plano que dê alternativas para a população dos morros ocupados

A situação já estava insustentável e só chegou a tal ponto de dominação do tráfico pela total ausência do Estado nos morros. Entenda-se por Estado tudo o que o envolve e não apenas a sua força policial. Junto com o Estado estão incluídos educação, saúde, etc. Mas, na hora de voltar a ter presença dentro da favela, o Estado chegou com cara de força policial. Apesar de seus méritos, UPP não é escola, não é posto de saúde, não é acesso ao desenvolvimento pleno.

Cedo ou tarde as UPP's se converteriam em guerra. O poder paralelo não se conformaria tão fácil em perder espaço desta forma. As UPP's não foram pacificadoras, mas sim tencionadoras e essa tensão cedeu. Cedeu ao ponto de dar espaço para que o Estado pudesse fazer o que sempre quis sem ter nenhum limite: Subir o morro passando por cima de qualquer obstáculo. E não há momento mais oportuno (ou oportunista) para isso quando se está próximo de sediar uma Copa e uma Olimpíada.

Já foram 50 mortos e vários "suspeitos" presos. Sabe-se Deus o que acontece com estes suspeitos depois que estão entre quatro paredes com um policial. Sabe-se Deus a história destas 50 pessoas mortas. Não adianta entrar com tanque e usar do pretexto da "guerra" para combater o tráfico. Apesar de louvada, a ação é extremamente superficial. Permanecem as milícias, a corrupção policial, a falta de perspectiva e, sobretudo, a exclusão social.

As crianças que hoje assistem estas ações e que viram seus familiares morrerem (já são 50 e a polícia já afirmou que as ações podem se estender por até dois meses) passam pela mesma experiência violenta que os atuais meninos do tráfico vivenciaram um dia. De nada vai adiantar expulsar o tráfico como se fosse uma guerra se o morro não for atendido amplamente ( e com qualidade) pelo Estado. Enquanto não houver alternativa para aquela população, continuará a surgir quem mostre alguma falsa alternativa. Até porque, o tráfico não é um problema meramente nacional.

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"Posso não concordar com uma palavra sua, mas lutarei até à morte para que tenha o direito de dizê-las" - Voltaire.