domingo, 29 de janeiro de 2012

A questão é a Militarzação, estúpido!

Charge: Latuff
Pinheirinho, ação policial na cracolândia, reintegração de posse na USP, repressão às manifestações contra o aumento da passagem em todo o país, ocupação de morros e loteamento de subprefeituras a militares da reserva. E ainda tem quem diga que é exagero as criticas feitas contra a Polícia Militar.

Recentemente, a primeira-ministra australiana foi vítima de um protesto que cercou o restaurante onde ela estava. A primeira ministra ficou isolada dentro do restaurante e teve que ser resgatada pelos seguranças e a polícia teve que enviar reforços para ser levada até o seu carro oficial.

Semelhanças com a realidade brasileira não é mera coincidência. Os manifestantes estavam protestando conta as comemorações pelo dia da Austrália, que ignora os direitos do aborígenes, povos autóctones daquele país e que são esquecidos pela administração pública. (qualquer semelhança com o Brasil, aqui, é mera coincidência).

A única diferença, veja, foi a atitude dos policiais no caso australiano e a atitude da NOSSA polícia no caso da manifestação da Sé. Ao invés de bombas de feito "moral", balas de borrachas e feridos, a polícia DESMILITARIZADA, embora tenha respondido com empurrões e ombradas, encaminhou a primeira ministra até o seu carro oficial sem demonstrações de poderio militar ou disparar contra os manifestantes.

Isso se chama preparo para lidar em situações de tensão. A Polícia Militar, não só de São Paulo, mas do Brasil inteiro, se vangloria de sair de situações de conflito e de tensão om "sucesso" quando várias pessoas ficam feridas e são constantes os casos de erros grotescos por parte dos policias. Mas eles não estão mentindo ou omitindo nada. Isso porque o "sucesso" para a corporação não leva em conta e não se importa com este tipo de "incidente". O objetivo final da ação é responder à altura aos ataques feitos à corporação.

Daí a cantora Rita Lee ter sido presa em seu último show ontem e levada para a delegacia por ter critica e, por que não, xingado Polícia Militar. Isso foi considerado desacato à autoridade. Ora, xingamos políticos e até mesmo o presidente da república em  manifestações públicas e ninguém é preso por desacato. Que poder é esse que a PM tem que passa por cima do poder executivo?

A diferença é que o poder executivo tem, sim, o poder de decretar desacato à autoridade a uma pessoa que o desabone, mas em nenhum momento o faz por sabe a irrelevância de um caso destes. Já para uma instituição militarizada isso é um crime inadmissível pois fere a hierarquia, a honra e moral. E a resposta para a defesa destes valores? A resposta, meu caro, é militar. É bala. Que apesar de ser de borracha e considerada "branca" pode causar estragos irreversíveis quando usadas de maneira imprudente. E elas são, sim, usadas de forma imprudente, senão o que explicaria tiros na altura do rosto de manifestantes?

Histórico mostra o aumento de ex militares nas subprefeituras de São Paulo
de 2008 até 2011
Já por parte dos políticos que estão se habilitando para pleitear a prefeitura de São Paulo, temos visto cada vez mais posturas semelhantes a desta corporação militarizada. Não à toa que, exceção de duas subprefeituras, todas as demais são, hoje, comandadas por ex militares da reserva. A postura de Kassab é como a de seus cães de guarda: avessa a críticas. Agora, ontem, tivemos a demonstração de Andrea Matarazzo, também bem esquentadinho e avesso a críticas avançando em cima de uma manifestante.

Não deste tipo de representante que precisamos e nem deste tipo de segurança. Isso não é paz. Que história é essa de que não se pode ser contra a Polícia Militar que ja se é considerado, por pressuposto, um inimigo, alguém a ser combatido, investigado, agredido? Essa segurança já tivemos uma vez e acabou por no proteger de nós mesmos, de nossos anseios mais humanos, nos tornando animais acuados em um beco.

Para quem quiser conferir e comparar, vídeo das duas manifestações e do flagrante despreparo da Polícia Militar de São Paulo frente a uma Polícia NÃO MILITARIZADA:

PS: no final tem um conflito entre um policial e um indígena. Reparem que a PRÓPRIA POLÍCIA os separa, ao invés de dar "apoio" ao colega, como a gente vê costumeiramente nas manifestações aqui do Brasil.



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"Posso não concordar com uma palavra sua, mas lutarei até à morte para que tenha o direito de dizê-las" - Voltaire.