Manifesto poligamista.
Me cansam os casais (as
pessoas mesmo) que me falam em fidelidade eterna, tampa de panela.
Esse papo piegas e ultrapassado. Acho no mínimo babaca! Mas tudo
bem... não tenho nada contra. Tenho até amigos(as) que são assim e
olha.. tem dado certo o casamento. Mas comigo não funciona... não
consigo. Sou muito livre pra conseguir ficar me lançando à posse de
e/ou para os outros(as). Eu sou polígamo(a).
E não sou polígamo(a)
porque não consigo me lançar a um sentimento mais sublime tamanho o
meu tesão-descontrolado-que-não-me deixa-parar-de-pensar-em-sexo.
Sou polígamo(a) porque gosto de viver intensamente cada prazer. Sou
polígamo(a) porque tenho fetiches inconfessáveis. Sou polígamo(a)
porque gosto de me entregar por inteiro - sempre.
E acredito que um(a)
monogâmico(a) não o consiga fazer. Não consegue porque está tão
preocupado(a) com uma moral cristã patriarcalista ultrapassada que
se prende a um modelo arcaico de família baseado em moralismos
vazios, como se já não bastassem serem desnecessários.
Eles e/ou Elas querem,
tanto quanto nós (polígamxs), viver como se não houvesse amanhã
cada prazer. Eles e/ou Elas, assim como todos nós, também têm
fetiches inconfessáveis... e os confessáveis também... E assim
como nós, polígamos(as) confessos e felizes, eles e/ou elas também
os realizam. Na cama. Todos os dias. Até que o amor acabe ou a morte
os(as) separe. Ele e/ou Ela realiza seus fetiches e entrega-se
intensamente de corpo, alma e coração. Toda a noite para a mesma
pessoa.
Calma! Não estou
falando que o(a) monogâmico(a) é um(a) carola chata... vá lá!
Isso também tem sua beleza. Só estou falando que eu, polígamo(a),
não consigo realizar o(s) mesmo(s) fetiche(s) sempre com a mesma
pessoa. Eu preciso do vizinho(a) de verdade, da realidade. Não
consigo fazer teatrinhos baratos de casais piegas. Eu preciso que as
coisas sejam carne, corpo, alma e - quando possível - coração.
E, assim como os/as
monogâmicos(as) realizam sempre com a mesma pessoa o fetiche da
enfermeira gostosa e/ou do enfermeiro viril. Assim como eles realizam
sempre com a mesma pessoa o fetiche da estagiária ninfeta e/ou do
estagiário púbere. Assim como realizam o vizinho e/ou vizinha
sempre com a mesma pessoa. Eu, polígamo(a), me entrego aos
personagens reais destes fetiches. Me entrego e os realizo tão
profunda e intensamente ao ponto de eles e/ou elas se tornarem banais
perto de um fetiche maior - quase doentio - que eu, polígamo(a)
confesso(a), possuo e que me toma por inteiro: meu fetiche pela
pessoa com quem eu desenvolvi o sublime sentimento do amor.
Mas repito: Não tenho
nada contra quem faça o contrário, tenho até amigos(as) meus que
são desse jeito.
Mas percebo que alguns
monogâmicos(as) têm inveja de nós, polígamos(as). Tanta inveja
que perderam tempo para nos arranjar apelidos: vagabunda, puta,
vadia, piranha. Coincidência ou não com o modelo de família que eu
havia falado aqui, não tem muito destes apelidos para homens. Não
que eu me lembre de serem tão pejorativos quanto os das mulheres.
Curiosamente, entre os homens, na sociedade monogâmica, conseguir
realizar seus fetiches com uma segunda pessoa é uma vantagem – ele
é promovido ao vagabundo (durante anos – e ainda às vezes -
sinônimo de bon vivant ou malandro – aquele que sabe aproveitar a
vida), ele é promovido a galinha (que sempre conquista e nunca para
com uma parceira – já que poucas aguentam suportar os instintos de
homem dele ao pegar outras mulheres), ele é promovido a El
pegador, o macho perneta que distribui seu sêmen como um dente
de leão em tardes de outono tropical! - E por mim apelidado de
babaca, já que se sente especial o suficiente para ter o direito de
possuir para si seu próprio depósito de sêmen trancado em casa.
Para ele jogar pega-pega é legal desde que não seja sua vez.
E é essa
inconsistência, esse conflito, esses argumentos contraditórios
vindos dos(as) monogâmicos(as) formando uma bola de hipocrisia... É
essa hipocrisia que eu odeio.
É desses(as)
monogâmicos(as) que não têm convicção da sua própria monogamia
e traem; que são machistas e condenam a mulher que “trai”, mas
exaltam o homem que “pega”; é com esses(as) monogâmicos(as) que
eu tenho preconceito. Desculpem, mas chego a achar que não são
naturais. Acho que isso é algum tipo de encosto... não sei
explicar... nem sei como... mas essas pessoas se corrompem para viver
nessa lama.
É dessa lama de inveja
vil transformada em discurso de ódio, de fofoca, em maldade. É
dessa inveja vinda de um pensamento de acúmulo de propriedade, de
defesa de território, de pequeno reizinho à salvo do perigo
externo... dessa inveja que esconde uma insegurança babaca, uma
síndrome do pânico congênita a todo homem e mulher que simula
viver numa forma de amor pregada pelas morais cristãs-capitalistas
que se arrastam desde o início do império romano sem conseguir
sustentá-lo... É dessa lógica que gera essa babaquice burra que
vem minha preguiça com monogâmicos(as).
E é para estes
invejosos(as) hipócritas odiáveis por toda babaquice e burrice que
exalam que eu digo: SOU POLÍGAMO(A).
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"Posso não concordar com uma palavra sua, mas lutarei até à morte para que tenha o direito de dizê-las" - Voltaire.